Lunes, Marso 31, 2008



Na tentativa de defender a agricultura contra pragas que atacam as plantações, os agrotóxicos foram criados. A utilização de agrotóxicos teve inicio na década de 20 e, durante a segunda guerra mundial, eles foram utilizados até como arma química. No Brasil, a sua utilização tornou- se evidente em ações de combate a vetores agrícolas na década de 60. Alguns anos depois, os agricultores foram liberados a comprar este produto de outros países.
Quando bem utilizados, os agrotóxicos impedem a ação de seres nocivos, sem estragar os alimentos. Porém, se os agricultores não tiverem alguns cuidados durante o uso ou extrapolarem no tempo de ação dos agrotóxicos, estes podem afetar o ambiente e a saúde.

O Brasil é hoje um dos maiores compradores de agrotóxicos do mundo e as intoxicações por estas substâncias estão aumentando tanto entre os trabalhadores rurais que ficam expostos, como entre pessoas que se contaminam através dos alimentos. Alguns estudos já relataram a presença de agrotóxicos no leite materno, o que poderia causar defeitos genéticos nos bebês nascidos de mães contaminadas.

O que são?

Os agrotóxicos são substâncias químicas (herbicidas, pesticidas, hormônios e adubos químicos) utilizadas em produtos agrícolas e pastagens, com a finalidade de alterar a composição destes e, assim, preserva-los da ação danosa de seres vivos ou substâncias nocivas.

Em que alimentos podem ser encontrados?

Eles podem ser encontrados em vegetais (verduras, legumes, frutas e grãos), açúcar, café e mel. Alimentos de origem animal (leite, ovos, carnes e frangos) podem conter substâncias nocivas que chegam a contaminar a musculatura, o leite e os ovos originados do animal, quando ele se alimenta de água ou ração contaminadas.

Males à natureza e perigos à saúde

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), o uso intenso de agrotóxicos levou à degradação dos recursos naturais - solo, água, flora e fauna -, em alguns casos de forma irreversível, levando a desequilíbrios biológicos e ecológicos.

Além de agredir o ambiente, a saúde também pode ser afetada pelo excesso destas substâncias. Quando mal utilizados, os agrotóxicos podem provocar três tipos de intoxicação: aguda, subaguda e crônica. Na aguda, os sintomas surgem rapidamente. Na intoxicação subaguda, os sintomas aparecem aos poucos: dor de cabeça, dor de estômago e sonolência. Já a intoxicação crônica, pode surgir meses ou anos após a exposição e pode levar a paralisias e doenças, como o câncer.

Uma nova opção

Alguns consumidores, não satisfeitos em consumir alimentos que possam conter resíduos tóxicos, estão exigindo a produção de alimentos fabricados e armazenados sem agrotóxicos. Os alimentos orgânicos - isentos de agrotóxicos - estão ganhando a atenção dos consumidores interessados neste assunto.

A ANVISA é responsável por fiscalizar produtos contaminados por agrotóxicos. Se uma empresa vender produtos que têm contaminantes em excesso - a ponto de prejudicar o ambiente ou a saúde -, ela sofrerá advertência, multa ou apreensão do produto.


Para saber mais sobre agrotóxicos, acesse o endereço da ANVISA.




por Graziela Regina Pontes
Agrotóxicos que afetaram a saúde de uma pessoa podem provocar danos a seus descendentes por até quatro gerações, segundo pesquisadores da Washington State University.A equipe de cientistas obteve evidências de que algumas doenças hereditárias podem ser causadas por venenos que poluem o útero.Pesquisa em ratos sugeriu que toxinas ambientais produzidas pelo homem podem alterar a atividade genética, permitindo o surgimento de doenças que são transmitidas por pelo menos quatro gerações.A pesquisa foi publicada pelo jornal Science.
HormôniosOs cientistas expuseram duas ratazanas grávidas a agrotóxicos durante o período em que o sexo dos fetos estava sendo determinado.Os produtos químicos eram vinclozolin, fungicida muito comum em vinhedos, e o pesticida methoxyclor.Os dois são conhecidos como produtos químicos que interferem no funcionamento normal dos hormônios reprodutivos.As ratazanas expostas aos agrotóxicos produziram filhos do sexo masculino com baixa contagem de esperma e fertilidade fraca.Quando esses ratos foram cruzados com fêmeas que não tinham sido expostas às toxinas, ainda assim seus descendentes do sexo masculino apresentaram o mesmo problema.O efeito persistiu em pelo menos quatro gerações, prejudicando a fertilidade de mais de 90% dos machos de cada geração.Os pesquisadores constataram que o dano não foi causado por alterações no código do DNA, mas por alterações na forma com que os genes operam.Essas mudanças "epigenéticas" são provocadas por partículas químicas que aderem ao DNA, modificando sua atividade.As alterações epigenéticas já eram conhecidas, mas não se sabia que eram transmitidas às futuras gerações.CâncerO pesquisador chefe, Michael Skinner, acredita que elas podem contribuir para doenças como câncer de seio e de próstata.As duas doenças estão se tornando mais comuns e Skinner diz que isso não é devido apenas a mutações genéticas.Os pesquisadores acreditam que a exposição a toxinas ambientais pode ter um papel importante no processo evolucionário.A evolução pode não ser provocada integralmente por mutações genéticas, como era comum acreditar."É uma nova forma de pensar sobre a doença", disse Skinner."Acreditamos que esse fenômeno será um fator importante para entender como a doença se desenvolve."Mas Skinner enfatizou que é necessário pesquisar mais para reforçar essas constatações.Os níveis de produtos químicos a que os ratos foram expostos foram elevados, muito mais altos do que as pessoas enfrentam normalmente.O professor Alan Boobis, toxicologista do Imperial College London, disse à BBC que as constatações são interessantes, mas não há necessidade de as pessoas ficarem assustadas."Esse efeito provavelmente depende da concentração e esses animais foram expostos a níveis muito elevados de produtos químicos", disse."Precisamos descobrir se esse efeito transgeracional se traduz em doses muito mais baixas."

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